Passa boiada!
Lá estava eu, sentado no banco do ônibus, tentando chegar em casa depois de um longo e longínquo dia de trabalho. O sol se pondo no horizonte da janela e as portas do comercio se fechando. Quando eu olho para o lado, o inferno. Do nada, brotaram mais de cem pessoas ali naquele veiculo. Agora, lotado e mal cheiroso.Tudo bem, pensei, afinal isso é comum, seis horas da tarde, terça-feira, coisa e tal. E seguimos nós rumo ao terminal. Conversa vai, conversa vem, dos outros, claro, estava com meu fone de ouvido e as mulheres contando como foi a faxina do dia e os aluninhos comentando a prova de matemática. Era x que não acabava mais. Até ai, de novo, tudo normal.
Tempos depois, chegamos ao bendito terminal. O ônibus parou, uma multidão esperava para descer do carro, outra, para subir. Momento de tensão, o ponto critico da viagem havia chegado e como ele a falta de educação, de respeito, a impaciência, o egoísmo, o jeitinho brasileiro, o mal que aflige nossa multicultural sociedade, enfim, daquele momento em diante, a vida das pessoas pode não ser mais a mesma.
Eu lembro que na escola, um senhor chamado Newton disse que toda ação tem uma reação de mesma intensidade mas de sentido oposto. E como ele estava certo. A porta abriu e lá foi a boiada e eu atrás e o povo que queria subir veio junto. Cotoveladas, empurrões, espremidas, sufoco geral, de lá e de cá. Era velinha com sacola, manco com muleta, todos indo e vindo, se debatendo loucamente entre desejos diferentes.
Aí, quando fui parido, vislumbrei um caminhão cheio de gado passando pela rua, cada boi em seu quadrado, respeitando um ao outro, indo para o abatedor. Olhei para trás e vi um ônibus, cheio de bois selvagens, ops, brasileiros selvagens. Eita! Acabei fazendo um pleonasmo!